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Comer em Família: Será que os Pais têm uma Prática Saudável à Mesa?

Data: 28/06/2013

Vários fatores estão envolvidos na formação de hábitos alimentares e, dentre eles, a influência da família é de grande importância. As refeições em família são momentos em que os membros se sentam juntos e aproveitam a refeição, mantendo uma socialização,um bom diálogo e trocando experiências. Entretanto, esse não é um momento adequado para que o assunto esteja voltado para a alimentação.

Alguns comentários dos pais sobre peso, tipo de alimentação e comportamentos ligados à forma de se alimentar ou ao corpo podem contribuir para o desenvolvimento de desordens alimentares em crianças e adolescentes.

Muitas vezes, esses pais adotam estratégias contraprodutivas à mesa. Pesquisas indicam que exercer excessivo controle sobre o quê e quanto é consumido pode contribuir para o sobrepeso da criança e desenvolvimento de sintomas de transtornos alimentares, como insatisfação corporal, compulsão alimentar e atitudes inadequadas em busca da perda de peso. Algumas restrições e autoimposições parecem ter um efeito rebote, resultando em compulsão alimentar, a qual pode associar-se a consequências psicológicas, como perda da autoestima, mudança de humor e devemos adotar particular interesse nas mães, uma vez que elas passam mais tempo em interação direta com os filhos. Sabe-se que mães que exercem um alto grau de controle sobre a alimentação de seus filhos criam crianças que demonstram menor habilidade para regular sua ingestão alimentar, não tendo muitas vezes controle sobre seus excessos, e podendo indiretamente forçar o desenvolvimento de excesso de peso da criança. Da mesma forma,mães que são preocupadas com seu próprio peso e com o quanto consomem de calorias, acabam restringindo mais a alimentação de suas filhas, encorajando-as a perder peso, atitude muitas vezes não saudável para essa fase de vida de crescimento e desenvolvimento.

Os pais devem criar um ambiente adequado para que os filhos possam desenvolver comportamentos alimentares e de peso saudáveis. Entretanto, algumas condutas podem promover o inverso. Quanto mais se conversa sobre peso ideal e suas próprias medidas corporais, sobre controle alimentar e hábitos do filho à mesa, preferências alimentares saudáveis ou não, de forma a categorizar os alimentos em “bons” ou “ruins”, “proibidos” ou “permitidos”, maior é a associação com a presença de distúrbios alimentares e corporais nos filhos.

O desenvolvimento das preferências alimentares das crianças envolve um mecanismo complexo sobre o qual fatores inatos, familiares e ambientais interagem. Os pais têm um papel essencial no desenvolvimento das preferências alimentares de seus filhos e na sua ingestão de energia- não apenas pelos alimentos que tornam acessíveis, mas também por seu próprio estilo de alimentação. A imposição do hipercontrole dos pais pode aumentar a preferência por alimentos densos em energia e ricos em gordura, limitar a aceitação de alimentos mais variados por parte da criança e interromper a regulação
da ingestão energética em resposta às sensações internas de fome e saciedade. Essa imposição pode ocorrer quando pais bem intencionados, porém preocupados, assumem que seus filhos precisam de ajuda para determinar o quê, quando e o quanto devem comer e quando os pais impõem práticas alimentares, sem oferecer às crianças a oportunidade do autocontrole. As refeições em família, por representarem a união familiar e a base interativa entre os indivíduos, podem ter impacto preventivo não apenas nos hábitos alimentares e obesidade, mas em outras questões como abuso de cigarro, álcool e outras drogas, desempenho escolar e até início precoce da atividade sexual. A importância desses momentos prazerosos em família está no fato de que esses hábitos alimentares adquiridos na infância persistem na vida
adulta.

Alguns trabalhos analisaram que as refeições em família estavam associadas com melhores hábitos alimentares (geralmente esses jovens comiam mais frutas, vegetais e grãos; bebiam menos refrigerantes); menor IMC e menor propensão ao sobrepeso; menor consumo de álcool, cigarro e drogas (uma vez que fornecem oportunidade para um contato de base com os filhos regularmente); melhores notas na escola; menores taxas de depressão e menos pensamentos suicidas e de comportamentos desordenados de alimentação (9% das meninas que tinham refeições em família cinco ou mais vezes na semana tiveram comportamentos extremos para controle de peso, comparado com 18% das que tinham menos de cinco refeições/semana). As refeições em família podem ter, portanto, um efeito protetor contra os transtornos alimentares. Possivelmente isso se dê por oferecer a oportunidade aos pais de serem modelo de padrões alimentares saudáveis e fornecer alimentos saudáveis, e também porque, se não fazem as refeições em conjunto, os pais podem não ter a chance de perceber o início de um transtorno alimentar. As análises estatísticas provaram que as refeições em família têm impacto em todos estes fatores, independentemente da relação entre os membros da família (do quanto eram conectados). As recomendações que sugerimos para mudança da rotina em casa são de aumentar a frequência das refeições em família (buscar pelo menos 3-4 refeições em conjunto por semana), fazer com que esses momentos sejam de qualidade e prazerosos, evitar comentários a respeito de peso e discussões sobre como ou quanto os outros estão comendo e oferecer uma variedade de alimentos e opções que possam agradar a todos.
 

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